segunda-feira, 19 de abril de 2010

Um amor tão bom

Parte I

Casados não pareciam ser - não um com o outro -, e aquele jantar cedo, num restaurante modesto, comum, era muito bom de se ver.
Estavam sentados um em frente ao outro, e parecia claro que não iriam para a mesma casa depois do jantar, não dormiriam nem acordariam juntos. Por isso, talvez, tinham tanto a se dizer- e se diziam.
Ela às vezes passava a mão na testa dele, afastando uma mecha de cabelo; daí a pouco ele devolvia o carinho e segurava a mão dela num gesto rápido, isso por cima dos pratos, sem que nada fosse fora de propósito nem inadequado, como nunca são os gestos que saem do coração.
Não havia entre eles aquele clima de urgência que precede a ida a uum motel, muito pelo contrário; parecia, isso sim, que eles haviam passado a tarde se amando e depois foram a um restaurante, daqueles em que não há risco de encontrar nenhum amigo, para ficarem juntos um pouco mais, o tempo que ainda tinham, sem inquetação, pelo prazer da companhia um do outro. E os carinhos trocados não eram os da paixão, mas os do amor; de um amor sólido e profundo.
Quem mora junto não conversa tanto, olho no olho, porque sabe que tem tempo pela frente: a noite inteira, talvez o resto da vida. Já eles falavam, e os assuntos não eam esses de namorados, falavam de tudo, interessados um no que o outro dizia, trocavam idéias como se fossem dois grandes amigos. Ele talvez falasse de um negócio que estava fazendo, ela talvez de um filho (só dela) com problemas; aí, de repente, um carinho - sem olhares melosos, nada. Apenas a necessidade de tocar um no outro, só isso. Estavam ali, inteiros, muito próximos e seguros.

[...]

Um comentário:

  1. vc se supera a cada dia,não so com essas coisas lindas que vc escreve,,mas em tudooo...TUDO mesmo...quando eu crescer quero ser igual a você! s2

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